Capital social - é tempo de compartilhar soluções

21/11/2012 13:13

 

Nos dias atuais, a organização das atividades de modo compartilhado é a melhor solução,
pois permite que, através desse sistema de troca e interatividade se possa formar redes
de informação e também redes de ação. O nome disso é capital social e é um importante
aliado que se pode ver nas parcerias entre poder público e poder privado, nas rede de
apoio formadas pelas organizações do terceiro setor, nas cooperativas, na mobilizações
dos indivíduos por meio das redes sociais (flashmob), etc. Segundo Francis Fukuyama(1), o capital social depende de
três aspectos: organização eficiente (pública, privada, ou da sociedade civil), nível de
participação das pessoas (quanto maior a rede maior a troca) e de seu empoderamento,
afinal, um sistema fraco em que exista desigualdades tem poucas chances de prosperar.
Este talvez seja o mais importante, pois um grupo muito organizado, mas cujos
participantes tenham pouca possibilidade de influência sobre suas decisões tende a ter
muitos conflitos internos que, gradativamente, o impedem de agir de modo eficaz devido
às disputas internas, o que também é observado por Robert Putnam (2).
 
Além disso, os indivíduos que se sentem excluídos costumam migrar
para outros grupos, enfraquecendo a rede na qual estavam anteriormente. Assim, ter uma
boa estrutura é fundamental, porém, tratar o ser humano de modo a integrá-lo à rede é
ainda mais significativo, pois esta somente pode existir enquanto a interação for possível
entre seus participantes. O que nos leva a concluir que os modelos hierárquicos
tradicionais tem, na atualidade, pouco a contribuir para o desenvolvimento de assuntos
importantes, tais como: políticas públicas, blocos econômicos, parcerias sociais,
associativismo, ações em comuns, entre outras formas de compartilhar conhecimento e
poder de ação. Esta nova postura das pessoas de agir em rede, segundo o filósofo
francês Pierre Levy (3), é o modo cultura de pensar a vida social de nossos dias. Ele
denomina de "inteligência coletiva". Se este é, então, um novo padrão de comportamento,
cabe a nós, agora, rever como interagimos com outras pessoas, qual a nossa capacidade
de agir coletivamente e de, em decorrência disso, respeitarmos as diferentes expressões
culturais, étnicas, religiosas, políticas, filosóficas, etc., que estarão presentes nessa rede
de interações.
 
Logo, participar de uma rede exige habilidades e competências específicas
as quais é preciso desenvolver. Problemas como imediatismo, rivalidade de interesses
particulares, falta de continuidade e falta de preparo tecnológico - indispensável diante do
formato atual das redes sociais - estão entre as principais causas da baixa interatividade
entre os grupos articulados em redes, o que provoca perdas no seu processo de
empoderamento. Redes são ambientes complexos nos quais é preciso coordenar uma
gama extensa de interesses divergentes e sua atualização constante exige das pessoas a
capacidade de resiliência política, social, jurídica, cultural - explico mais detalhadamente a 
resiliência do Estado em relação ao cidadão em minha tese de doutorado, defendida em
março deste ano na Pós-graduação em Direito da PUC Minas (4). Embora as redes
garantam maior mobilidade física e informacional, além da possibilidade de desenvolver
uma forma de conhecimento não seriado (múltiplos sujeitos interagindo e construindo os
conceitos simultaneamente), ela exige, como todo empreendimento coletivo, uma postura
ética e verdadeiramente colaborativa de seus participantes, o que implicam em uma
constante mediação desses conflitos de interesse e diferenças para que haja equilíbrio no
empoderamento de seus integrantes, o que gera insonomia, e também aumenta a sua
capacidade de ação. Em resumo, as redes possuem muito mais probabilidade de ter êxito do
que os sistemas isolados porque desenvolvem melhor o capital social; todavia, é preciso
jamais descuidar do aspectos humano e ético, pois a exclusão é capaz de inviabilizar toda
essa capacidade.
 
(2) Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. 5.ed. São Paulo: FGV, 2008.
(3) Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
(4) A aplicação do princípio da resiliência às relações entre Estado, direito e sociedade no Brasil. 2012. 238f. Tese (Doutorado em Direito). Faculdade Mineira de Direito, Programa de Pós-graduação, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

 

Voltar