Jessica Lenahan

17/08/2011 14:16

Hoje a Comissão Interamericana de Direitos Humanos publicou um informe em Washington D. C. (EUA) a respeito do caso de Jessica Lenihan, cujas três filhas foram assassinadas pelo seu ex-marido em 1999 sem qualquer medida protetiva adequada fosse tomada pela polícia estadunidense à época. No Brasil, há poucos anos, Maria da Penha ficou em cadeira de rodas devido ao espancamento que sofreu por parte do marido; mulheres morrem todos os dias, seus filhos são atacados ou agredidos (física, moral, emocional ou psiquicamente) e nada de substancial tem sido feito. Por que? Uma vez que o número de mulheres nas academias de Direito aumentou significativamente, que ingressam nas carreiras jurídicas, que os direitos e informações necessários para a defesa de suas prerrogativas são amplamente divulgados, por que ainda se morre tanto? 

 

Como nos EUA, em todos os países as polícias não investem seus esforços suficientemente em deslindar esses casos. Mas não é estranho: força policial ainda é sinônimo de "braço do Estado", notadamente, "braço político". Ou seja, devemos nos perguntar porque aqueles que elegemos não se importam. Ou, mais profundamente: POR QUE ELEGEMOS PESSOAS QUE NÃO SE IMPORTAM? O erro, em alguns casos, é nosso. Questões essenciais são olvidadas no momento de se escolher um representante político, especialmente do Poder Executivo, guardião dos órgãos que controlam a força pública. Quantas vezes as próprias polícias são "sucateadas" por lideranças políticas que não desejam vê-las funcionar adequadamente a serviço do cidadão? É preciso se importar. É preciso prestar atenção. O que fazemos atinge muitas pessoas inocentes que sofrem as consequências do nepotismo, do clientelismo e do descaso "alheio" (do Estado e, portanto, nosso, já que elegemos as pessoas que irão ignorar os direitos fundamentais).  

 

O informe se encontra no link abaixo e pode ser lido :

www.cidh.oas.org/Comunicados/Spanish/2011/92-11sp.htm 

 

Enquanto isso, devemos refletir profundamente sobre o modo como preparamos bacharéis para as carreiras jurídicas ligadas à força pública, notademente, os delegados de polícia. Há não muito tempo uma cabeleireira foi assassinada em Belo Horizonte após ter reclamado de seu ex-marido por 8 vezes junto à polícia mineira. A prostituição infantil ainda não investigada no Brasil como devido. E nesse caso, precisamos também nos preocupar com a formação ética de nosso bacharéis pois serão advogados, defensores, assessores populares e promotores nesses casos. Devem assegurar que não fiquem "abandonados", pois a cidadania frágil destas pessoas atacadas reflete também a fragilidade e fragmentariedade do direito e do poder estatal, incapaz de defender. Há muitas Jessicas em todos os países. Não deveria haver!...

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