Ensino Superior: panorama brasileiro

03/08/2010 12:40

Prof. Cristiano Starling Erse

Mestre em Direito Empresarial pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra/Portugal. Professor e Coordenador de Monografia das Faculdades Arnaldo Janssen.

 

Após as alterações da legislação educacional no final dos anos 1990, a primeira década do século XXI foi marcada, no Brasil, pela abertura do mercado de educação superior para as instituições privadas com ou sem fins lucrativos.Pode-se afirmar com segurança que, antes da mudança estratégica por parte do governo federal, havia uma grande demanda reprimida, pois o acesso às vagas era bastante restrito e destinado, na prática, às classes econômicas mais favorecidas. A oportunidade de oferecer serviços educacionais a um público volumoso, carente de preparo profissional para se adaptar aos tempos modernos e com imensa capacidade de renovação constante, mostrou-se algo promissor.

Como conseqüência direta, ocorreu uma verdadeira explosão de cursos e instituições voltadas para referido mercado, fruto da percepção de que a procura era maior que a oferta. O mercado do ensino superior cresceu assim de maneira desordenada na primeira parte da presente década, aumentando a concorrência e criando uma série de efeitos colaterais, alguns positivos, outros nem tanto. Todavia, gradativamente, a relação favorável entre oferta e demanda foi se invertendo, o número de interessados com condições efetivas de ingresso e principalmente de manutenção tornou-se menor que o de vagas disponíveis, o que acarretou a redução de preços das mensalidades, práticas de publicidade mais agressivas, segmentação mercadológica, fechamento, fusões e incorporações de entidades, criação de novos cursos ou ênfases diferentes aos tradicionais, entre outras.

Na seqüência natural dos fatos, como alternativa para a diminuição da procura, muitas IES investiram seus recursos e atenções para os cursos de Pós-Graduação “Lato Senso”, tanto na modalidade de especialização, quanto na de MBA, pois perceberam que com a popularização das graduações, um novo mercado consumidor havia surgido. Este, porém, já dá também sinais de saturação, o que acarretará, a médio prazo, conseqüências análogas ao que acontece com as graduações. Estamos vivendo o que os especialistas em administração e economia costumam chamar de fase de consolidação, onde somente as instituições sólidas e posicionadas de forma clara e estratégica irão sobreviver e provavelmente crescer.  Em outros termos, o mercado irá eliminar os excessos, não necessariamente pela qualidade de ensino, buscando-se o equilíbrio entre oferta e procura.

Neste cenário, parece-nos claro que os futuros discentes devem agir com muita cautela e atenção durante o processo de escolha da Instituição de Ensino Superior, identificando aquela que melhor se enquadra aos seus interesses pessoais e à segurança do seu futuro profissional, pois, caso contrário, o sonho pode se transformar em pesadelo. Decisões importantes merecem reflexões profundas e equilibradas, e, quando o assunto é conhecimento, a história não é diferente.

 

 

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