Ingresso de alunos do movimento sem terra no Curso de Medicina Veterinária na UFPEL
16/03/2011 10:26Encaminho a seguir e-mail que recebi do colega Lawrence, da Federação Nacional dos Estudantes de Direito que considerei muito importante partilhar. Nós, da área jurídica, muitas vezes opomos obstáculos à inclusão social, servindo de mau exemplo para outros setores educaionais. Por outro lado, há faculdades e universidades (jurídicas e de outras áreas) com real preocupação social e acadêmica. Este é um exemplo. Se alguém tiver mais algum pára compartilhar, divulgue por e-mail, neste espaço, em qualquer lugar. O importante é "dar voz" às novas posturas de ensino humanizado.
Um terno abraço,
Luciana C Souza
Pessoal:
Magnífico Reitor da Universidade Federal de Pelotas
Prof. Dr. Cesar Gonçalves Borges
Prezado Prof. Cesar
Encaminho-lhe esta correspondência para relatar uma excelente experiência pedagógica pela qual eu passei e, com isso, ratificar a boa escolha que nossa Universidade fez em relação ao Movimento dos Sem Terra. Devo declarar que aceitei a incumbência de trabalhar no processo de avaliação do grupo especial de vestibulandos para o curso de Veterinária, apenas pela dificuldade de dizer não a um amigo. Quando o Coordenador do Colegiado de Curso da Veterinária me convidou para trabalhar os conteúdos de Biologia, a minha primeira intenção era dizer não, no entanto como “ex-Veterinário” e por mais de vinte anos professor de Biologia do ensino médio, achei melhor esquecer um pouco que atualmente sou Médico e aceitar o convite. Nunca tive posições bem claras em relação aos sem terras, mas na maioria das vezes eu era contrário aos seus posicionamentos e a sua forma de agir. Foi com essa forma de pensar que me dirigi à cidade de Veranópolis para uma revisão de Biologia e posterior avaliação dos alunos.
A minha surpresa iniciou quando tive o primeiro contato com os alunos. Possivelmente nestes meus quase trinta e cinco anos de magistério ainda não tinha encontrado um grupo de estudantes tão dedicados em uma sala de aula. Alguns com maiores dificuldades e outros com menores (como é de costume em qualquer turma de estudantes), porém todos com um entusiasmo contagiante. Lá passei dia e meio. Nossas aulas iam das 8 horas às 19h, com pequenos intervalos e ninguém esmoreceu. Tenho certeza que aquele grupo irá formar um dos mais interessantes conjuntos de acadêmicos da nossa Universidade. Espero que os seus colegas de outros semestres sejam suficientemente sensíveis para que possam usufruir dessa convivência tão rica.
Parabenizo Vossa Magnificência pela coragem e por não ter esmorecido nesta empreitada. Outros professores, semelhante ao que aconteceu comigo, mudarão muitos dos seus conceitos e preconceitos após conhecer estes jovens.
Este é o meu mais sincero testemunho.
E.T. - Na última aula um aluno recitou uma poesia de Antonio Gonçalves da Silva – O Patativa do Assaré: Homenagem aos Professores. Aí me lembrei que já faz algum tempo que muitos alunos nem sequer se despedem dos professores, no final da aula...
Prof. Dr. Gilberto de Lima Garcias
Coordenador do Colegiado de Curso de Medicina
Mestre e Doutor em Genética
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