Situação “calamitosa” de Dourados marca abertura de Congresso (Enviado pelo Prof. Lúcio Flávio Sunakozawa)

29/09/2010 12:26

Os pronunciamentos realizados na abertura do IV Congresso Transdisciplinar de Direito e Cidadania, na noite de ontem, no Teatro Municipal de Dourados, chamaram a atenção para a corrupção na política local. Para o reitor da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Damião Duque de Farias, as universidades, a temática do Congresso e os cursos envolvidos são exemplos de importantes instrumentos para lutar pela democracia e por mais direitos para a maioria, superando um a um os problemas e acontecimentos que envergonham a todos. “É necessário construir caminhos para uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna”, afirmou. O reitor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Gilberto Arruda, também ressaltou o papel da comunidade acadêmica e dos professores e alunos de Direito no processo democrático e conclamou para que cada vez mais sejam tomadas decisões acertadas em 3 de outubro, com voto consciente e em governantes que contribuam para uma sociedade mais ética e justa, que eleve a qualidade de vida da população. 
 
Abrindo o evento, o poeta Emmanuel Marinho fez um pouporri de poemas com “Minha Cidade”, “Genocíndio” e “Érica”, além de declamar “Retrato falado” e “Orangoletras”. A seleção contemplou o sentimento de descontentamento com os últimos acontecimentos políticos na cidade e Estado. Vários trechos provocaram reação da plateia, como o “vi na televisão: são tudo ladrão”, que gerou gargalhadas de concordância. O idealizador do congresso, prof. dr. Acelino de Carvalho, leu uma “Declaração de amor por Dourados” para manifestar os aspectos positivos da cidade, o amor de quem é douradense de sangue ou de coração e pedir “respeito à dignidade de nossa cidade e sua gente”. Em seguida, a cantora gospel Zeu Costa apresentou à capela o Hino à Dourados, emocionando os presentes. FOGO Quem “esquentou” os pronunciamentos foi o conferencista Alexandre Pagliarini, da Facinter-PR, que abordando o tema “Direito e Democracia em ‘Ensaio sobre a lucidez´, de José Saramago”, comparou as situações da ficção com a da realidade, afirmando que nunca houve tanta lucidez quanto nos momentos em que primeiro 75% da população e depois 80% da população votou em branco nas eleições. “A situação nacional é vergonhosa e a estadual e local é calamitosa. Qual democracia que queremos? Que democracia é essa? (...) Falta de lucidez é conviver com essa falsa democracia. O 3 de outubro é mera formalidade (...) O que estamos a fazer? Brasileiro é eleitor hiena. No país não há Educação e a Educação liberta. Aí você fica cego e manipulável, sempre a sorrir e jogar confete para as autoridades. 
 
Condenados a ser idiota (...) Nunca fomos lúcidos e a cegueira continua”, disse. Contando que leu a Lei Orgânica de Dourados, Constituição do Estado e a Constituição Brasileira, ele disse considerar que o prefeito interventor não tem legitimidade para ocupar o cargo, já que vereadores foram empossados e existe presidência na Câmara de Vereadores. No entanto, estava no jornal que o próprio Ministério Público Estadual queria que o juiz permanecesse até as eleições. Entre as possíveis saídas para a situação estaria a posse da Presidência da Câmara na Prefeitura, ou, em caso de afastamento concomitante dos cargos, seria gerada a vacância que deveria resultar em eleições diretas dentro de 90 dias. Outro caminho seria a intervenção estadual, mas como o Estado também estaria envolvido, caberia intervenção federal em Dourados. Para encerrar ele citou o trecho da obra de Saramago em que “se opção for pelo comodismo e alienação, não restará nada a não ser a morte e a dor. Lutemos pois, então”. O IV Congresso Transdisciplinar de Direito e Cidadania aconteceu até sexta-feira (24) e foi uma realização do Curso de Direito da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e da Faculdade de Direito e Relações Internacionais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), tendo recebido participantes de diferentes Estados da Federação e de diversas regiões do nosso Estado.
 
 

 

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