Uma pequena reflexão: por que é preciso aperfeiçoar o tratamento estatístico dos dados divulgados no exame de ordem?

12/07/2011 17:19

Sobre as últimas notícias a respeito do exame de ordem, teço aqui algumas considerações e aguardo os comentários dos colegas. Além das questões costumeiramente aventadas sobre a prova - algumas justas, outras não -, cujo debate é de médio e longo prazo, acredito que há uma medida mais urgente e viável a curto prazo que melhoraria muito a divulgação dos resultados, assim como o tratamento estatístico conferido a estes dados. Dever-se-ia utilizar os serviços de consultoria de uma pessoa (ou empresa) especialista em pesquisa para que as informações divulgadas fossem confiáveis do ponto de vista de sua apuração quantitativa. Há no exame dois momentos distintos que estão sendo confundidos: a pesquisa sobre ensino e a prova técnica. Quanto a esta última, outras instâncias a debaterão em forum próprio. Mas, quanto à segunda, já se tornou mais do que necessário adotar instrumentos adequados para sua apuração.

A lista "zero", por exemplo, trouxe dois graves problemas estatísticos de tratamento de dados:

a) se apenas um aluno houvesse se inscrito e sido aprovado no último exame (e não reprovado como ocorreu), apesar da baixa participação na prova a sua IES ficaria conhecida no mercado como tendo 100% de APROVAÇÃO na OAB, o que induziria ao erro futuros ingressantes, confiantes na qualidade de tal faculdade que aprova com índica tão alto (aliás, esse formato de divulgação permite a manipulação dos resultados por IES que resolvam favorecer a inscrição de um grupo seleto e previamente preparado de alunos, mesmo risco que corre a prova do ENADE);

b) segundo, a separação entre recém-formados e repetentes deve ser feita, pois possibilitaria índice que seria muito interessante para conhecer a média de repetência de bacharéis por IES, bastando apenas a inclusão de uma opção no cabeçalho da prova ou da ficha de inscrição (v.g., "nº de exames já realizados"); para tanto, porém, é imprescindínvel não macular esse resultado "misturando" na coleta de dados "bacharéis" e "bacharelandos", até porque, sua distinção em categorias separadas possibilitaria que se apurasse a evolução das turmas. Uma IES com alto índice de repetência entre os já formados pode ter um nº mais significativo positivamente em suas turmas mais recentes. 

Portanto, enquanto outras medidas e pontos mais complexos são debatidos - realmente demandam atenção mais detida -, a parte estatística já poderia ser melhorada de imediato ( e deve, com urgência), o que beneficiaria a todos, sem dúvida, pois a divulgação dos resultados seria mais confiável para se saber quais as IES estão ou não preparadas para formar bacharéis. 

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